O ex-ministro José Dirceu foi preso na 17ª fase da Operação Lava Jato, nesta segunda-feira. Ele foi detido por volta das 6h em sua casa, em Brasília. A nova fase da Lava Jato foi batizada de Pixuleco, termo que o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, usava para falar sobre propina recebida em contratos.
Cerca de 200 Policiais Federais cumprem 40 mandados judiciais na manhã de hoje, sendo 26 mandados de busca e apreensão, três mandados de prisão preventiva, cinco mandados de prisão temporária e seis mandados de condução coercitiva. A operação ocorre em Brasília e nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. De acordo com a Polícia Federal, foram decretadas ainda medidas de sequestro de imóveis e bloqueio de ativos financeiros.
Segundo a polícia, esta fase da operação se concentra no cumprimento de medidas cautelares em relação a pagadores e recebedores de vantagens indevidas oriundas de contratos com o Poder Público, alcançando beneficiários finais e “laranjas” utilizados nas transações. Entre os crimes investigados estão: corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
Segundo a PF, Dirceu foi detido em casa, em Brasília, onde cumpria prisão domiciliar por condenação no mensalão. O mandado contra ele é de prisão preventiva – por tempo indeterminado. Já Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, irmão de José Dirceu, foi detido em Ribeirão Preto (SP) e cumprirá prisão temporária, que tem duração de 5 dias.
Investigação
Na Lava Jato, Dirceu é investigado em inquérito na Justiça Federal do Paraná por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro.
Os investigadores querem saber se a empresa de consultoria do ex-chefe da Casa Civil, a JD Consultoria, prestou serviços a empresas que desviaram dinheiro da Petrobras ou se os contratos eram apenas uma maneira de disfarçar repasses de dinheiro desviado da estatal do petróleo. O irmão de Dirceu, preso nesta segunda, era sócio dele na JD.
Em janeiro, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, decretou a quebra do sigilo bancário e fiscal da JD Consultoria, empresa de Dirceu, e do próprio ex-ministro da Casa Civil, depois de as investigações revelarem pagamentos de companhias ligadas ao esquema de corrupção para a consultoria do petista.
A JD Consultoria faturou R$ 29 milhões em contratos com cerca de 50 empresas nos últimos nove anos, segundo informações da defesa do ex-ministro. A empresa declarou que os contratos com as construtoras não têm qualquer relação com os contratos sob investigação da Petrobras, e que os depósitos da JAMP Engenharia são referentes a um trabalho de consultoria.
Em depoimento à PF, o ex-dirigente da Toyo Setal Júlio Camargo, outro delator da Lava Jato, contou que Dirceu usou “diversas vezes” seu avião após ter deixado o comando da Casa Civil, em 2005. Camargo também relatou às autoridades que o petista interveio junto ao ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli para que a multinacional japonesa Toyo garantisse contratos com a petroleira.
Roberto Podval, advogado do ex-ministro, não se manisfestou, pois aguarda para ter maiores informações sobre o motivo da prisão.