O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a se referir às ações de Israel na Faixa de Gaza como “genocídio”, desta vez durante uma transmissão ao vivo no BRICS, reacendendo tensões já elevadas entre o Brasil e o governo de Benjamin Netanyahu. O novo pronunciamento ocorreu em meio à cúpula do BRICS e provocou imediata reação de entidades israelenses, incluindo uma nota oficial da Federação Israelita do Estado de São Paulo (FISESP), reforçando o agravamento das relações bilaterais (assista ao vídeo no final da matéria).
Na gravação, Lula reafirma a posição que já havia causado crise diplomática no início de 2024, dizendo que "o que está acontecendo na Faixa de Gaza é genocídio, sim", e que Israel "não respeita nenhuma decisão internacional, nem da ONU, nem de ninguém". Ele também menciona que “quem sofre é o povo palestino, não o Hamas”, fazendo uma distinção política entre o grupo armado e a população civil — algo que o governo israelense sistematicamente rejeita como narrativa parcial.
Reação oficial e nota da Federação Israelita
Após a fala, a Federação Israelita do Estado de São Paulo (FISESP emitiu um comunicado ao BRICS, considerado inédito, alertando para o uso político da cúpula do bloco como plataforma para ataques unilaterais a Israel. A nota — segundo fontes diplomáticas — classifica a fala de Lula como “desinformada e hostil”, e solicita que o bloco se abstenha de “dar voz a posições que violam os princípios da diplomacia multilateral”.
Fontes israelenses ouvidas por veículos internacionais também não descartam novas medidas diplomáticas, inclusive a manutenção do status de persona non grata de Lula em Israel, decretado após declarações semelhantes no início do ano.
O impacto no cenário internacional
A reincidência de Lula nesse tema tem efeitos multilaterais. Ele se torna, novamente, uma das vozes mais contundentes contra a atuação de Israel em Gaza entre líderes do G20. No entanto, essa postura tem isolado o Brasil de aliados estratégicos no Ocidente, ao mesmo tempo em que aproxima o país de países árabes e de potências como a África do Sul, que entrou com uma ação contra Israel na Corte Internacional de Justiça.
No entanto, especialistas em relações internacionais alertam para o risco de polarização diplomática excessiva, especialmente dentro do BRICS, onde China e Rússia adotam discursos mais cautelosos. A retórica de Lula pode fragilizar a posição do Brasil como mediador confiável em futuros processos de paz ou negociações multilaterais sobre o conflito Israel-Palestina.
Análise final
A postura de Lula reflete um compromisso ideológico de longa data com a causa palestina, mas o tom e o contexto da fala — durante uma semana diplomática sensível — colocam o Brasil em uma posição de confronto direto com Israel, e novamente levantam questões sobre os limites entre o ativismo político e a diplomacia de Estado.
O caso também reacende debates internos no Brasil, com setores políticos cobrando mais equilíbrio na política externa, enquanto aliados do governo defendem a firmeza de Lula como expressão da “tradição humanista da diplomacia brasileira”.